Uma vez feito esse levantamento, abre-se a possibilidade de acessar a memória traumática e reprocessar primeiramente o evento mais antigo até chegar aos dias atuais. Outra abordagem pode ser iniciada pelos eventos menos perturbadores e seguir até as lembranças mais difíceis, ou vice-versa, conforme a necessidade de cada pessoa. Normalmente o reprocessamento de uma memória produz efeitos positivos em outras, com uma sensação de alívio generalizado.
Esse percurso de restauração provavelmente demandará algumas sessões. De início escolhem-se os estímulos a serem empregados para auxiliar os hemisférios cerebrais a “metabolizar” o conteúdo emocional. Além da estimulação visual, há ainda a auditiva ou a tátil, que também podem ser utilizadas. Estudos sugerem que o efeito de qualquer uma dessas formas de estimulação sejam equivalentes para a ativação do cérebro. O mais importante é identificar com qual deles a pessoa se sente mais à vontade.
Depois do acesso estruturado da recordação traumática, segue-se o estímulo bilateral. Inicialmente são feitos poucos movimentos para que a pessoa se familiarize com o método de trabalho. Aos poucos, a frequência ou a intensidade da estimulação é aumentada. É como se fosse um carro que ganha velocidade para uma viagem que inclui trechos com trepidação. Quanto maior a aceleração, mais rapidamente esse material difícil e penoso pode ser atravessado.
O acesso das vias neurais do cérebro prescinde da atenção forçada do cliente para funcionar. À semelhança da meditação, basta observar! Normalmente o começo é mais difícil, angustiante. Com o andamento do processo, contudo, as impressões negativas tendem a ser substituídas por pensamentos positivos e sensações orgânicas de bem-estar.
Após a sessão, lembranças e sensações adicionais talvez surjam. O reprocessamento não para de repente. Quaisquer impressões, recordações ou sonhos devem ser anotados e discutidos na sessão seguinte. Caso persistam dúvidas, sinta-se à vontade para esclarecê-las antes de prosseguir.